Um vídeo está circulando nas redes sociais que aparentemente mostra a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, e outros líderes ocidentais admitindo acusações prejudiciais relacionadas aos seus períodos no poder. As imagens também incluem o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e os ex-presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, Barack Obama e Joe Biden. Ele é frequentemente compartilhado com legendas idênticas perguntando: "Você já desejou que os líderes ocidentais fossem um pouco mais honestos?" — uma afirmação geral que sinaliza uma possível desinformação. No vídeo, a imagem de Sarkozy diz: "Ajudei a bombardear a Líbia e matar Gaddafi para esconder provas de que ele financiou minha campanha presidencial?" Em seguida, a figura de von der Leyen afirma: "Promovi as vacinas contra a COVID porque criei um injeção de 35 bilhões de euros por meio de um acordo secreto com a Pfizer?" Embora as vozes pareçam bastante precisas, o vídeo é na verdade gerado por IA, evidente pelas feições artificiais dos líderes e padrões de fala rígidos. O vídeo foi produzido pela rede de notícias controlada pelo Estado russo, Russia Today (RT), como indicado pelo logotipo no canto superior direito e pelo encerramento do vídeo celebrando o 20º aniversário da RT. A RT inclui um aviso próximo ao final, informando que o vídeo é um "conteúdo de paródia gerado por IA. " No entanto, a RT foi banida na União Europeia, no Reino Unido e em outros países desde a invasão russa em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, em tentativas de combater a desinformação. Os temas polêmicos discutidos pelos líderes gerados por IA giram em torno de questões controversas de seus mandatos. Por exemplo, a imagem de Sarkozy questiona a alegação não comprovada de que ele ajudou a bombardear a Líbia e matar Gaddafi para esconder provas de que sua campanha foi financiada pela Líbia. O ex-presidente francês foi preso na semana passada por conspiração criminal relacionada a um esquema para obter financiamento líbio durante sua campanha de 2007 e atualmente recorre de sua condenação. A von der Leyen de IA refere-se ao chamado caso "Pfizergate, " alegando que ela fez pessoalmente um acordo com a Pfizer para promover suas vacinas contra a COVID, burlando as regras oficiais de compra. Ela nega qualquer má conduta. Enquanto isso, a imagem de Boris Johnson sugere que ele sabotou um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia quando ele estava "em pauta. " Uma narrativa falsa comum promovida pelo Kremlin é que a UE e os países europeus se opõem à paz na Ucrânia e querem prolongar a guerra.

Na realidade, os líderes europeus vêm apoiando consistentemente iniciativas de paz que visam uma resolução duradoura que respeite a independência, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Em fevereiro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy rejeitou firmemente as alegações de que Johnson impediu um possível acordo de paz na primavera de 2022, alegações feitas por fontes russas, incluindo o presidente Vladimir Putin. "Houve várias abordagens com ultimatos [da Rússia para encerrar a guerra], e eu nunca dei minha aprovação para isso", disse Zelenskyy ao The Guardian em fevereiro. "Não faz sentido; o que ele [Johnson] pretendia nos convencer a não fazer?" Johnson também rejeitou as acusações como propaganda russa. Este vídeo da RT surge em meio aos rápidos avanços na qualidade e complexidade de vídeos gerados por IA. Em outubro, a tecnologia Sora 2 — desenvolvida pela OpenAI, criadora do ChatGPT — foi lançada no Canadá e nos EUA, mas não está oficialmente disponível na Europa.