O entusiasmo com inteligência artificial (IA) impulsionou os mercados a recordes neste ano, mas esse crescimento rápido suscitou preocupações sobre uma possível bolha. Desde que a OpenAI lançou o ChatGPT em 2022, a IA dominou os temas do mercado, alimentando o otimismo dos investidores sobre um boom transformador de IA e levando a investimentos maciços em ações de tecnologia, elevando as avaliações a níveis historicamente altos. Alguns analistas e economistas veem essas avaliações elevadas como sinais de alerta de uma bolha — onde os preços das ações ultrapassam seu valor intrínseco, levando a uma valorização insustentável e a uma queda acentuada eventual, similar ao estouro da bolha das dot-com em 2000. Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, destacou que os preços das ações globais estão crescendo rapidamente, chegando a níveis vistos pela última vez durante o boom da internet há 25 anos, e alertou que uma correção brusca, em meio ao aperto nas condições financeiras, poderia prejudicar o crescimento global. Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, reconheceu a realidade da IA e seu potencial de longo prazo, mas advertiu que muitos investimentos atuais podem ser desperdiçados. Ele expressou maior preocupação com uma queda significativa do mercado de ações nos próximos seis meses a dois anos do que o sentimento de mercado geralmente reflete, ressaltando a incerteza elevada também fomentada por tensões geopolíticas e dívidas governamentais. Grandes empresas de tecnologia como Meta, Microsoft e Amazon investiram centenas de bilhões em infraestrutura relacionada à IA, apoiando resultados sólidos que justificam as altas avaliações e os rallies das ações. Ainda assim, alguns investidores questionam se esses investimentos vão gerar retornos suficientes, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade e possíveis consequências de uma correção acentuada do mercado. As preocupações aumentaram com os deals de financiamento circular de grandes nomes da IA, como Nvidia e OpenAI, lembrando padrões observados em bolhas passadas, segundo estrategistas do Goldman Sachs, que aconselham os investidores a manterem a diversificação apesar de ainda não rotularem o mercado como uma bolha. A demanda por ativos relacionados à IA permanece forte; por exemplo, a parceria recente da OpenAI com a fabricante de chips AMD levou as ações da AMD a subir quase 24%.

Embora as comparações com a bolha das dot-com sejam frequentes, as atuais gigantes de tecnologia são lucrativas e entregam resultados robustos, ao contrário das empresas iniciais e não lucrativas que alimentaram a bolha tecnológica dos anos 1990, observou Eric Freedman, da US Bank Asset Management. Mike Mullaney, da Boston Partners, descreveu a situação como uma “bolha leve”, com avaliações e fluxos indicando risco, mas o sentimento dos investidores ainda não atingiu níveis extremos, deixando espaço para o avanço do rally. A crescente dominância da IA é evidente, pois um grupo de grandes empresas de tecnologia — Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla — representa 55% dos ganhos do S&P 500 desde o final de 2022, aumentando seu peso em carteiras de aposentadoria, mas também expondo os investidores a riscos se as avaliações entrarem em colapso. O Banco da Inglaterra alertou recentemente que avaliações elevadas de ações, especialmente de ações de tecnologia focadas em IA, juntamente com a concentração de mercado, aumentam a vulnerabilidade a uma retração caso as expectativas de IA não se concretizem. O ambiente atual evoca memórias de alertas de bolhas passadas. Em 1996, o presidente do Fed, Alan Greenspan, alertou sobre “exuberância irracional”, embora a crise das dot-com tenha ocorrido quatro anos depois. De forma similar, o presidente do Fed, Jerome Powell, recentemente declarou que as ações estão “consideravelmente valorizadas”, ecoando a cautela de seu antecessor. Ed Yardeni, da Yardeni Research, sugeriu que o mercado pode estar revivendo a exuberância irracional do final dos anos 1990, mas destacou que os lucros mais fortes do que o esperado impulsionaram o S&P 500 a novas máximas, com projeções de alta até 7. 700 pontos até o final do próximo ano.