O Papa Leão XIV delineou, no sábado, a visão de seu pontificado, destacando a inteligência artificial (IA) como um desafio crucial para a humanidade e comprometendo-se a defender prioridades estabelecidas pelo Papa Francisco. Em um gesto que marca sua abordagem única, Leão realizou sua primeira visita pública desde a eleição ao santuário da Madonna, ao sul de Roma, importante para sua ordem agostiniana e para seu padrinho, o Papa Leão XIII. Sua chegada a Genazzano atraiu os habitantes da cidade à praça em frente ao santuário Madre del Buon Consiglio, administrado por frades agostinianos e sede de peregrinação desde o século XV. O Papa Leão XIII o elevou a basílica menor no início do século XX e ampliou o convento adjacente. Após rezar lá, Leão abençoou os locais e, posteriormente, visitou a tumba de Francisco na Basílica de Santa Maria Maior, no retorno ao Vaticano. Mais cedo, Leão realizou sua primeira audiência formal com os cardeais que o elegeram, invocando constantemente o Papa Francisco e sua declaração de missão de 2013, reforçando o compromisso com a inclusão e o cuidado com os marginalizados. Como o primeiro papa americano, Leão afirmou sua dedicação às reformas do Concílio Vaticano II, que modernizaram a Igreja na década de 1960. Apontou a IA como uma questão moderna de grande impacto, desafiando a dignidade humana, a justiça e o trabalho. O Vaticano revelou que Leão manteria seu lema episcopal e brasão de Chiclayo, no Peru, simbolizando a unidade na Igreja. Seu lema, “In Illo uno unum”, de Santo Agostinho, significa que, embora os cristãos sejam muitos, em Cristo são um só. Seu emblema apresenta o coração flamejante perfurado, da ordem agostiniana, e um livro, representando as Escrituras.

Sua cruz peitoral, presente dos agostinianos ao se tornar cardeal em 2023, contém relíquias de Santo Agostinho e de Santa Mônica, sua mãe. Leão conectou a escolha do nome papal ao Papa Leão XIII, que moldou o ensinamento social católico moderno com a encíclica Rerum Novarum de 1891, abordando os direitos dos trabalhadores em meio à revolução industrial. Leão citou esse legado diante dos desafios atuais relacionados à IA, que ameaçam a dignidade humana, a justiça e o trabalho. Nos últimos anos de seu pontificado, Francisco alertou cada vez mais sobre as ameaças da IA e defendeu um tratado regulatório internacional. Francisco nomeou o missionário agostiniano de Chicago, Robert Prevost—agora Leão XIV—para cargos de liderança importantes: primeiro bispo de uma diocese peruana em 2014, depois presidente da conferência episcopal do Peru e, em 2023, funcionário do Vaticano responsável pelas nomeações de bispos. Durante o discurso de Leão na sala do sínodo do Vaticano, ele frequentemente fez referências à morte de Francisco e à sua declaração de missão, "A Alegria do Evangelho", adotando seu chamado por uma Igreja missionária, colegiada, atenta à piedade popular autêntica e aos marginalizados, enquanto dialoga com ousadia com o mundo moderno. A eleição de Leão foi excepcionalmente rápida—na quarta votação, durante o mais amplo e diverso conclave da história, que elegeu mais de 100 dos 133 votos, bem acima da maioria de dois terços exigida. O cardeal Désiré Tsarahazana, de Madagascar, confirmou essa margem notável. O cardeal Pietro Parolin, que já foi um dos principais candidatos ao papado e atualmente é o secretário de Estado do Vaticano, parabenizou Leão em uma carta publicada no jornal de sua cidade natal, Il Giornale di Vicenza. Parolin elogiou a compreensão de Leão sobre questões contemporâneas, lembrando sua chamada inaugural por uma paz “desarmada e desarmante”. Destacou sua liderança em Chiclayo, sua gestão de assuntos complexos no escritório dos bispos do Vaticano, e suas qualidades de raciocínio calmo, soluções equilibradas e profundo respeito e cuidado por todos.